quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Seria tão bonito viver num lugar-comum, pensar lugar-comum, sentir lugar-comum. Não haver espaço para criação. Não haver hipóteses. Sermos assim criação de outros, e outros provavelmente serem criação nossa.
Só assim são chamados por se tornarem rapidamente símbolo atribuído a um tipo característico de pessoas ou acções, logo, se eu criasse um lugar-comum, este só o seria se partilhado com alguém, e só o seria se fosse assumido, não por mim, mas por terceiros, como realmente uma característica comum a mais que uma pessoa ou situação, certo? Cairia então, no pecado de criar um estereotipo, logo, de julgar alguém, e julgar não é comentar, nem elogiar, nem criticar (qualquer forma que a crítica possa adquirir), é plenamente um acto de tentar colocar-me num patamar superior a alguém.
Mas então os lugares-comuns bons? Serão realmente bons, ou a minha percepção do bom e do mau é que me leva a pensar dessa forma; mas não é exactamente isso que é a percepção?, se é minha claramente que eu tenho todo o direito de atribuir o adjectivo bom ou mau a certas e determinadas coisas. Mas então se eu considero um lugar-comum bom devo aplica-lo livremente?, em mim claro, por que sou eu, e de mim sei eu- ou pelo menos julgo saber- mas e nos outros? Os lugares-comuns são comummente, como o nome indica, aplicados ao que nos rodeia, e se isso acontece não será falta de uma verdadeira análise sobre a situação?, por que se eu fizesse uma profunda análise rapidamente saberia que uma dada situação terá mil aspectos diferentes de uma outra situação que à priori assemelham-se. Então aplicar um lugar-comum, é meramente um exercício primário, que não demonstra verdadeiro empenho em descodificar a situação, e que por mais parecidas que sejam, duas situações, não o são verdadeiramente?
Seria tão bonito viver num lugar-comum, pensar lugar-comum, sentir lugar-comum?