terça-feira, 15 de março de 2011

pedra cinza, solta. anda sem rumo, com rumo definido, um rumo destinado, de destino.
igual na particularidade de ser diferente para todos, esta igualdade, válida, faz-la andar, rodar, saltar, parar e retomar.
a incerteza da ausência do destino paira, e em cada paragem surgem entre todas as sombras dos passados que a rodeia, por entre todas aquelas árvores, vivas e mortas, aqueles pequenos apontamentos de vegetação. são eles os portadores da incerteza; desistentes, que aceitaram o seu, imposto, por eles, destino, e amaldiçoam cada viajante, peregrino, lutador, que não quer aceitar como verdade o que entre estes meios vivos, meios mortos corpos, que compõem a composição que nos rodeia, dizem ser o melhor a fazer, desistir e aceitar é a reposta.
mas esta pedra cinza, solitária, sem categoria, continua rolando e saltando por entre este meio que não a compreende, não querem deixa-la partir, não compreendem a sua razão de lutar e de tentar.
a morte está ali, ali a frente, mas não é por isso que vou deixa-la vir ter comigo, posso facilmente ir eu ao encontro dela, e entregar-me logo, de uma vez só, aos seus mantos negros.
a morte está ali, mas não é a nossa espera, o que quer dizer que estará a seguir, e então, novamente a mesma força, a mesma razão, vai para a frente, procura a sua morte ou a sua fortuna.
não é aquela a sua morte, novamente, e quando olha para trás, os que estavam com ela no início resignados, já não são mais do que umas sombras presas entre os tecidos da morte.

agora esta pedra encontrou o fortúnio, o seu destino, o que lhe estava destinado era ultrapassar-se a si mesmo e dessa mesma forma conseguir ultrapassar um medo imposto, e agora, agora, depois de ter conseguido vencer o temor que lhe ardia por dentro, encontrou então a sua função e encontrou os seus irmãos viajantes, que de outras terras vieram, que por outras terras tiveram que dar prova das suas forças.
agora o destino é deles, e a nós pouco interessa quem era as pedras e para onde vão agora.