quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

aquela árvore ali, coitada. se sobre ela ainda poisassem aqueles pequenos e insignificantes animais, que no passado, não tão passado assim, mas o suficiente, gastavam constantemente o seu tempo aos saltos entre uns e outros galhos. que felicidade que era, sentir aquelas pequenas patas a saltar de um lado para o outro, e ouvir, Ai ouvir, aquele som tão etéreo. pobre árvore, agora não será mais do que mais uma entre tantas, mais uma que nada tem. se ao menos os pássaros voltassem, mas todos sabemos que isso não irá acontecer, isto não é coisa do inverno, passageira, isto será para sempre.
oh pobre árvore, quem me dera poder dar-te um último prazer, de sentires com os primeiros ares da primavera e os teus primeiros filhos a surgirem, o amor dos pássaros, aquele amor tão único, inocente, complexo - contudo o mais simples de todos-, oh minha querida árvore que agora florescerás na escuridão e na solidão, quem me dera mudar-te o futuro, mas não sou mais de que umas mãos, umas mãos que só fazem limitadas coisas, como bem sabes, umas mãos que não são mais do que serem umas pobre mãos.
queria poder dar-te toda a felicidade, mas não posso, sou apenas umas mãos, umas tristes, cansadas e velhas mãos, quase tão velhas como a tua pele, quase tão cansadas como as tuas raízes, quase tão tristes como os teus galhos que ficarão agora para todo o sempre nus.