quarta-feira, 21 de abril de 2010

Gostava de ser muito daquilo que não sou. Falo, claro de alguns aspectos da minha personalidade e da minha vida que gostaria de poder modificar permanentemente, mas tenho consciência que isso não é completamente possível, e se fosse, o mais certo seria eu querer voltar a ser aquilo que tinha sido, e se não tivesse experimentado essa realidade, (caso esqueça uma verdade por a mentira fazer-me sentir melhor), procuraria outra, aqui ao lado, ou do outro lado do mundo. É indiferente, a questão que se coloca, ou melhor, que eu coloco é que não estou contente comigo mesmo e porquê? Eu já sou responsável pelos meus actos, logo sou eu que tenho todo o poder da minha vida, sou eu que controlo o quer que seja que se passa com a minha vida! Seria tão simples se assim fosse, que eu, e só eu, pudesse controlar o que estou a fazer neste preciso momento, e por consequência o que vou fazer a seguir. Fosse eu o dono da minha existência. Se assim fosse não existiria como ser humano, não saberia o que era sentir, não sentiria tristeza, porque ninguém gosta de tristeza (será mesmo?), e por não sentir tristeza não sentiria alegria, e não sentir é o oposto, a meu ver, do que é ser Humano. E quem não sente não é, logo tenho que me conformar com a máxima de não ser capaz de controlar tudo o que me afecta. Teria que ser um Deus, qualquer que fosse, e mesmo esses sentem, segundo dizem.

domingo, 18 de abril de 2010

Admito que existem coisas que me tiram realmente do sério, e sou completamente inflexível em relação a mudar a minha ideia sobre essas ditas coisas. Será provavelmente um comportamento mimado de alguém que ainda não tem duas décadas de existência, mas uma coisa é certa, há coisas que eu já tenho o direito de tomar por garantidas, no sentido de saber se é sim ou é não , por já as ter experimentado. Eventualmente, meu caro, não experimentas-te tudo ou correctamente, mas como vou eu saber isso agora? Não posso prever o que vai acontecer e não pude prever o que aconteceu, nem mesmo consigo prever o instante que estou a viver agora, por isso tomarei por certo algumas mentiras que só o serão, se o forem, daqui a algum tempo, que pode bem ainda ser hoje, quer dizer hoje não porque depois disto é ver um filme e cama, que já se começa a fazer tarde, e portanto não pretendo pernoitar e perpetuar o assunto, mas adiante, o importante, que não é importante, mas eu finjo que é para me sentir minimamente intelectual, ou coisa parecida que lhe queiram chamar, é que eu com cada dia passado, e cada momento vivido tem experimentado a dúvida e a incerteza, mesmo de coisas que eu pensava já saber a verdade. A vida ilude-me de certas maneiras e quando, tomada a decisão, eu avanço com a minha vida, da maneira que acho melhor, o passado toma novamente vida, e não me atormenta, nem coisa que lhe valha, mas volta a caminhar a meu lado,ou atrás, tal como uma sombra, e as tais verdades e decisões tomadas voltam a ser colocadas em dúvida e eu, um mero mortal, de ainda tão tenra idade- gosto de me iludir a mim mesmo que ainda sou muito jovem e ainda tenho muito para viver- fico novamente cheio de questões e incertezas, medos e receios, e, sem saber como agir, quase que dou um passo para trás. Quase que volto a questionar tudo outra vez, que é o que acontece, mas as perguntas já não são as mesmas. Conclusão do dia, ainda me falta muito para saber realmente o que quer que seja, e que provavelmente sempre que achar que já sei, verdadeiramente, alguma coisa, essa mesma coisa vai transformar-se em mentira ou em não verdade.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Estava sentado. Sobre as mãos cansadas pendia uma mochila gasta e suja. A ausência da aliança chamou-me a atenção; a idade já era alguma. Os olhos, que estavam mais fechados que abertos, eram de um verde extremamente simples. Os olhos que estavam mais fechados que abertos, quando abertos estavam, mostravam uma expressão de desanimo, de cansaço, de rotina, de indiferença com o quer que o rodeasse. As alcoviteiras, à esquina, falando provavelmente de tudo menos do que lhes diz respeito, não lhe atraíram a atenção como a mim, que tenta prestar atenção a tudo o que deve e o que não deve. A cabeça pousada no vidro, as feridas da mão, o olhar nada desnorteado mas sem horizonte, provocaram em mim uma reacção que normalmente só me acontece com idosos e crianças. O sentir-me preocupado com alguém que nunca tinha visto, que provavelmente nunca mais voltarei a ver, sentir-me preocupado com alguém que nada me diz, disse ou vai dizer. Deixou-me a pensar no quanto a vida é injusta para quem não se sabe, ou não consegue, ou não pôde se impor. Como o tempo não perdoa.
As lembranças que vou guardando, e que em alguns momentos vou transpondo para aqui e para ali, pintando, desenhando, escrevendo, vão desaparecendo ou tomando novas formas, e essas novas formas, por vezes, aproximam-se mais do que eu queria que tivessem sido do que do que são, foram. O crescente e o decrescente perdem-se, fundem-se, e a verdade fica escondida por detrás de camadas várias. Fico só, mas acompanhado, acompanhado por tudo o que já foi, por tudo o que penso que foi, mas que provavelmente não foi, fico rodeado por tudo que gostaria que tivesse sido. Este é o motivo pelo qual busco fazer tudo o que me é permitido para a minha idade, condição social, económica e política, também influência, que me deixe, um dia mais tarde, que bem pode ser amanhã, feliz com o que sou, com o que fiz, e tendo a certeza que hoje mesmo vou fazer alguma coisa, por mais simples que seja, como comer aquela maçã que me estava a apetecer incompreensivelmente muito, ou mesmo ficar acordado até as dez da manhã por sentir necessidade de sentir o sol, de sentir aquela aragem matinal que tanto adoro, por querer sentir-me vivo. É isso que busco, sentir-me vivo das mais diversas formas, sendo inclusive uma delas observar o estado de alguém, que claramente perdeu o gosto pela vida, permitindo-me assim questionar as razões de eu existir da maneira que existo, pensar da forma que penso, sonhar do modo que sonho, ambicionar como ambiciono.
O que eu não quero é acabar num banco de autocarro, com olhar apagado, triste, sem rumo, sem gostar do que fiz, faço, sem objectivos, sem ambições, desejos, sem qualquer característica que corresponde ao típico ser humano, por que eu apesar de não ser igual a ninguém sou igual a toda a gente, por esse mesmo motivo.

domingo, 4 de abril de 2010

Se tudo já foi criado e recriado, se já não há nada de novo para descobrir, que raio andamos nós a fazer? A falta de credibilidade que dão a quem não tem décadas acumuladas como se fossem multas de estacionamento é algo que não tem justificação e já merecia uma remodelação. Se toda a gente pensasse assim provavelmente ainda acreditaríamos que a Terra é o centro do Universo e que não existem seres que os nossos olhos não conseguem ver a olho nu. O "pensar fora da caixa" é tão necessário para a evolução da espécie humana como é a água para os peixes. Mas como é óbvio preferimos as respostas rápidas e o não é sempre mais fácil que um sim, porque corta o mal ou o bem pela raiz. Se eu acreditasse que já não há nada de novo que eu possa fazer não estaria, constantemente, a tentar evoluir, a todos os níveis, e satisfazia-me com um simples emprego que não acarretasse qualquer importância e mais importante não exigisse nada de mim. Se eu acreditasse que estamos destinados a copiar o que já foi feito provavelmente estaria já morto, por que a incerteza e o não-saber são as coisas mais preciosas que nós temos, porque quem tudo sabe não é humano. O saber que ao fazer x posso vir a descobrir y que por sua vez me poderá levar a questionar o z, permite-me sorrir, neste preciso momento, como se tivesse descoberto uma nova pólvora, por que dá-me certezas que continua a haver caminho para calcar e recalcar, com ou sem sandálias, tal e qual jesus, noutros tempos, ou em tempos nenhuns, sabe-se lá.
A criação deve ser maior que o Universo, ou então não, deverá ser mais uma fita de Mobius, sei lá, eu não sei nada de nada, tudo o que digo são mentiras disfarçadas.

sábado, 3 de abril de 2010


Continuo sem saber o que pensar. Passo todos os santos dias, salvo seja, a tentar decifrar o que penso realmente sobre o quer que seja, mas chego sempre a mesma conclusão, será a idade, será o espírito, a verdade é que ainda não defendo nenhuma máxima, e que as minhas máximas, exactamente por serem minhas, e só minhas, não são nem mais ou menos máximas e que acabam mais tarde ou mais cedo por sofrerem rectificações. Pretendo portanto continuar a lutar para me entender, e entender o que me rodeia o melhor possível, evidentemente será um projecto, que apesar de já ter começa à algum tempo, não se aproxima ainda minimamente do início do fim, se é que ele existe; creio que não. Procuro ser sendo, algo que recentemente tem feito muito sentido nas minhas entranhas, e que agora, mais do que nunca tem tido motivo de ser. As noites fazem disto, a essência das mesmas são como uma cereja em cima de um bolo, contribuem para o meu completar, inicial. Contribuem para ver o que não via, com mais clareza, mais nitidamente. Se existisse só dia eu não seria mais do que um vegetal, não teria ganho nada do que ganhei até hoje, não teria interior, não seria. A noite traz o melhor de mim e dá-me o melhor. Mesmo quando de coisas más se trata, levo essas coisas como positivas. A tontura dissipa-se e ao abrir os olhos sou feliz.