sábado, 27 de fevereiro de 2010



Caminho, os meus pés não levantam mais do que necessário. É de noite? É de dia? Pouco me importa. Caminho, os meus olhos só vêem o que querem ver. Deve ser um problema que não afecta só a mim, porque andamos todos, sempre, cegos. O meu destino aparece, ao longe, mas continuo a não o ver. Caminho, desorientado. Vou nesta direcção apenas porque necessito de andar para algum lado, não por saber que é por aqui que tenho que ir. Quanto mais ando mais me sinto incompleto, sozinho. As minhas pequenas, ou grandes, como quiserem, alegrias perecem no meio de tanta dúvida e insegurança. Gostaria de ser outra pessoa? Não, definitivamente não, mas não quer dizer que queira ser quem sou, ou melhor que goste de ser quem sou. Continuo a caminhar, continuo a tentar encontrar-me, penso que cada vez é mais fácil, a minha cegueira não é tão impossível de ultrapassar como pensei. Já começo a ter noção de tudo, já sei para onde vou. Já sei quem sou. Saberei? O fim da estrada aproxima-se. Mas eu não estou numa estrada, muito menos num caminho... Estou quieto e sentado, mas é como se não estivesse.

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